Está difundida na internet uma reportagem que revela o sensacionalismo com que certos temas são abordados. No caso se trata da Bíblia. Eis alguns tópicos do referido texto:
“Livros bíblicos podem ter autoria “falsa”, afirmam especialistas. [...] Escritores usavam nome de antigos profetas e apóstolos para se legitimar. [...] Três Isaías, dois Zacarias? Dois Pedros, vários Paulos?” É lógico que para as pessoas que não aprofundaram seus estudos sobre a Sagrada Escritura tais afirmativas simplistas causam enorme confusão. Todas as questões acima referidas já foram há muito tempo respondidas pelos hermeneutas.
Nas Bíblias há no início de cada um dos livros amplas explicações. Cumpre, em primeiro lugar, observar que o Autor principal da Bíblia é Deus. Os escritores humanos foram instrumentos inspirados pelo Ser Supremo. É de se notar que todos os originais da Bíblia desapareceram. Isto se deu por causa da precariedade do material então utilizado. Como Deus não costuma multiplicar milagres, só restaram cópias. Como sói acontecer, os copistas cometeram erros, pois apenas uma cadeia de prodígios excepcionais impediria os equívocos. Entretanto, a mensagem divina foi transmitida integralmente. A comparação dos diversos manuscritos comprovam ter havido modificações acidentais que não deturparam nunca o núcleo básico da revelação.
A integridade do escrito foi preservada. Descobertas de traslados antigos levam também a esta conclusão. Diversos os motivos das falhas. Houve confusão dos caracteres então empregados os quais eram muito semelhantes entre si. No caso do hebraico, este não possuía vogais e a vocalização, que foi feita pelos rabinos, ditos massoretas, não é necessariamente a do original. Aditem-se a distração, a negligência e a ignorância de quem copiava. Note-se que há hoje cerca de quatro mil cópias manuscritas do Novo Testamento, sendo a maior parte incompleta. As mais antigas remontam ao século quarto. Os livros da Bíblia são atribuídos a determinados autores humanos inspirados, mas sempre há uma explicação plausível quanto tal autoria. Assim, por exemplo, no caso do Pentateuco, os cinco primeiros livros são ditos de Moisés por que a personalidade de Moisés os marcou.
Foi ele o iniciador religioso do povo e seu primeiro legislador. Pouco importa que não se possa atribui-lhe com certeza a redação de nenhum dos textos do Pentateuco. Moisés, porém, é a figura central e tradição judaica tinha razão de chamar o Pentateuco de livro da Lei de Moisés. O mesmo se diga quanto aos Livros de Isaías, Zacarias, as Cartas de Pedro e de Paulo ou acerca de outros livros das Escrituras. Cumpre um estudo sério sobre a questão e os biblistas sempre foram claros em elucidar tudo. No caso de Isaías, por exemplo, a Teologia do Segundo Isaías, o Dêutero-Isaías (Is 40-55) fixa as idéias deste profeta atinentes ao processo criador e soteriológico e o pensamento do Terceiro Isaías (Is 56-66) vinca a preocupação da infidelidade como óbice à recepção da redenção divina. Todos estes textos estão diretamente ligados à pregação do notável profeta.
O Trito-Isaías deixa, portanto, advertências oportunas advindas do que ele pregava. No caso se São Paulo, as treze cartas que trazem o nome deste Apóstolo são geralmente atribuídas a ele, havendo controvérsia maior quanto à autoria da epístola aos Hebreus. Quanto a esta, boa parte dos biblistas afirma tenha existido uma orientação paulina indireta, pois foi o Apóstolo das Gentes quem a direcionou. Segundo Dattler, são incontestavelmente da autoria de São Paulo: Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas, Filipenses, 1 Tessalonicenses e Filêmon. Ballarini subdivide nestes grupos as cartas paulinas: “as duas epístolas dos Tessalonicenses ligadas entre si pela data de composição e a afinidade do conteúdo, as quatro grandes cartas (1 e 2 Coríntios, Gálatas e Romanos), as quatro da prisão (Filipenses, Colossenses, Filêmon, Efésios), as Pastorais (1 e 2 Timóteo, Tito). E fora de qualquer grupo se coloca a epístola aos Hebreus”. O mesmo se diga das Cartas de São Pedro, nas quais se pinça a orientação clara deste apóstolo.
Como foi dito há necessidade de um estudo criterioso da Bíblia e, em hipótese alguma, há falsidade ideológica. Adite-se que a Bíblia é uma revelação de Deus e, portanto, só tem valor para quem tem fé. A Bíblia relata exatíssimamente a mensagem divina e esta chegou até os dias de hoje em toda sua prístina pureza, apesar das peripécias pelas quais passou a redação do texto que conhecemos
Arquidiocese de Mariana/MG
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