O pai do Shock Rock, estilo musical onde as atitudes grotescas feitas no palco horrorizaram pais por mais de trinta anos, contou como o medo do inferno o virou para Deus. Ele, que cantava sobre necrofilia e picotava bonecas durante seus concertos, declarou que, apesar de continuar a gravar e fazer turnês teatrais com shows de horror, “minha vida é dedicada a seguir Cristo”.
Embora ele tenha se tornado um cristão nos anos 80, fora alguns pequenos comentários em algumas entrevistas, o cantor de 61 anos sempre foi resguardado em sua fé – até agora. Em uma entrevista franca com uma revista de música cristã, ele falou publicamente pela primeira vez sobre seu amor por Deus e a relutância em se tornar uma “celebridade cristã”.
Um líder das paradas com o hino adolescente “School’s Out”, Cooper foi creditado por pavimentar o caminho para alguns cantores como Marilyn Manson. Mas ele afirma que suas obras nunca foram políticas ou religiosas e sempre tiveram “senso de humor”.
Ele contou à HM, The Hard Music Magazine, que sempre foi insultado, toda hora sendo acusado de ser satanista. Criado em uma casa cristã, ele ainda acreditava em Deus, apesar de não ser comprometido. Isso mudou quando o alcoolismo ameaçou seu casamento. Ele e sua mulher, Sheryl, foram a uma igreja que tinha um pastor que falava sobre o inferno.
Cooper disse que se tornou um cristão “inicialmente mais por medo de Deus do que por amor a Ele… Eu não queria ir para o inferno”. Entrevistado na edição de março/abril da HM, Cooper via sua fé como “uma coisa em curso”. “Ser um cristão é algo em que você apenas progride. Você aprende, vai para seus estudos da Bíblia, você ora”, disse ele.
Ele tem evitado o posto de “celebridade cristã” pois “é realmente fácil se focar em Alice Cooper e não em Cristo. Eu sou um cantor de rock, nada mais do que isso. Não sou um filósofo. Me considero abaixo no poleiro do conhecimento cristão, então, não procure respostas em mim”.
Apesar disso ele pôde conversar com outros na cena musical sobre sua fé. “Eu tinha um casal de amigos meus com quem conversei que disseram que eles tinham [aceitado Cristo]. Eu tenho conversado com algumas grandes estrelas sobre isso, alguns personagens horríveis… e você ficaria surpreso. Aqueles que você pensa que estão mais longe são os que estão mais aptos a ouvir”.
Parte da entrevista com Alice Cooper:
“… Eu acho que pessoas… agora que sabem que eu sou Cristão e que sou pai… o personagem Alice é apenas um cara que interpreto. Da mesma maneira se eu fosse interpretar um Dracula ou o Coringa… É apenas um personagem no palco e quando eu deixo o palco, ele fica lá. Eu vou para casa, sabe, levo as crianças para um jogo de basquete e levo minha filha para aulas de ballet…’”
Muitas das suas músicas dão a impressão que são autobiográficas. Na época do From The Inside, por exemplo. E a trilogia que você escreveu começando com o álbum The Last Temptation também parece ser do mesmo estilo. Qual o preço você tem pago ou os benefícios que você tem colhido compartilhando tão livremente sua vida pessoal na sua arte?
“Bom, Eu acho que um escritor – especialmente um compositor – vai estar sempre falando de sua vida. Não importa o que ele faça, ele vai estar sempre falando sobre o que ele está sentindo ou no que ele acredita. Mesmo que seja em ironia, em forma de estória, ou qualquer outra coisa… From The Inside foi definitivamente sobre o meu problema com alcóol. O The Last Temptation foi uma estória sobre um garoto a que foi oferecido de tudo… E, claro, isso é um paralelo com Cristo sendo tentado no deserto. Mas a esse garoto foi oferecido de tudo. Você pensa: “É ele vai cair nessa, ele vai entrar na onda do circo.” E o circo é sinônimo do mundo. O apresentador é como se fosse algo satânico. Então a esse cara era oferecido sexo, mulher, dinheiro, fama, mas o legal é que no final o garoto não aceita nada disso. E o ponto do álbum é que realmente a gente não precisa entrar nessa onda… Agora para Alice Cooper estar dizendo isso, é óbvio que isso faz pessoas que eram fãs do Alice Cooper antigo dizer: “Espera um segundo! Esse é o mesmo Alice Cooper que vendia sexo, morte e dinheiro?!”, e eu respondo: “Exato, mas eu não sou o mesmo. Agora Alice… tem um coração mudado. Existe uma mudança no que eu acredito… A verdade é que algumas pessoas nesse mundo irão ouvir as músicas e dizer: “Muito bom, a pressão acabou! Agora eu não preciso tentar pegar mulher todo final de semana. Ou eu não preciso me drogar só para me enturmar com a galera. Eu posso ser como Alice. Eu posso fazer o que o Alice está fazendo.” E realmente não é o que eu faço, mas sim o que Cristo disse. Eu estou apenas tentando ecoar o que Ele queria o que nós fizessemos. Mas é engraçado que eu tenho que usar o personagem do Alice Cooper para fazer esse ponto…
Parabéns. Deixa eu te perguntar, “Alguma coisa especial fez com que você quisesse fazer uma entrevista com a gente?”
Sabe, eu normalmente faço rock secular. Mas eu acho… meu pastor acha a mesma coisa. Eu não faço rock praise necessariamente. Eu não faço música de louvor. Eu acho que eu vou em lugares diferentes. E eu acho que o Cristianismo tem que atingir mais as artes seculares. Eu acho que devemos ser ovidos, não só apenas como Cristãos. Tipo, é legal bandas como Creed e P.O.D. Existem algumas bandas por aí que estão trazendos ótimas mensagens. E existem também muitas bandas de rock praise. Eu nunca sent… Eu faço isso na igreja. Eu faço isso em oração. Eu faço isso, mas acho que minha mensagem é mais como um alerta. Eu não ligo de ser o profeta do fim do mundo. Eu acho que isso é até próprio para o personagem Alice. Eu sinto que se Deus está usando Alice Cooper, ele está usando para dar mensagens de alerta. A mensagens não vão ser tipo: “Olha que maravilha. Tudo está perfeito!”, mas sim “Atenção! Satanás não é um mito! Não fique em casa como se o diabo fosse apenas uma piada.” Eu tenho vários amigos que pensam exatamente isso…
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